Foto: Renan Mattos (Diário)
A histórica falta de árvores nas ruas de Santa Maria voltou a ser debatida pelo poder público. Depois de sete anos, a prefeitura pretende, ainda neste ano, retomar as discussões do plano municipal de arborização urbana.
Atualmente, o Executivo não possui dados sobre quantas árvores há na cidade. Assim, as remoções de espécies de ruas e avenidas não é amparada por critério que indique qual o impacto para o meio ambiente e para o bem-estar da população.
Conforme o superintendente de Licenciamento e Controle Ambiental e Animal, Gerson Vargas Peixoto, a meta é tirar do papel o Plano Municipal de Arborização e Reposição Vegetal, elaborado em 2011 e aprovado pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema). Para virar lei, o documento precisa ter a aprovação na Câmara de Vereadores, o que, na época, não ocorreu.
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Agora, a pasta está analisando o documento. O próximo passo é se reunir com o Ministério Público (MP), ainda neste mês, para decidir as demandas e quem executará o plano para organizar o inventário de árvores.
- A prefeitura não possui um inventário. O plano existe, mas não foi instituído legalmente. O documento está sendo revisado e reestruturado para que siga os trâmites legais - informa.
Peixoto admite que não existe um quantitativo exato do que já foi removido na cidade para os mais diversos fins, desde obras a cortes devido ao risco de queda das plantas. Para o controle das retiradas, a prefeitura busca um sistema que permita gerenciar melhor as solicitações.
- O inventário precisa ser construído, mas, para isso, é necessário um grupo capacitado que possa identificar a espécie e analisar a situação fitossanitária do exemplar - ressalta.
O plano de 2011 traz poucos números. Dados de 2010 apontam que, na época, foram plantadas 3,6 mil árvores nativas no município, sendo 3 mil nos distritos. Também houve a distribuição de 600 espécies nas principais avenidas.
O projeto contém a relação e localização de 51 árvores tombadas do município. Entre elas, estão o pinheiro-brasileiro situado na esquina das ruas Olavo Bilac e Appel, o ipê-roxo nos fundos do Colégio Centenário e a timbaúva ao lado do Bispado. O Plano estava previsto para ser revisado a cada cinco anos. Todas essas questões serão reavaliadas.
Foto: Charles Guerra (Diário)
REPLANTIO
Pela lei atual, quando uma árvore precisa ser removida, é preciso obter autorização na Secretaria de Meio Ambiente. Para cada árvore nativa retirada das ruas, deve-se compensar com o plantio de 15 espécies no município, não necessariamente dentro da cidade.
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O superintende afirma que a ideia, agora, é percorrer as ruas para identificar as espécies e criar um banco de dados online, onde será possível consultar todas as informações e, a partir disso, ter um controle mais tecnológico para fazer a manutenção, a remoção e avaliar os locais que têm déficit de área verde.
A RGE Sul informa que só faz o corte de árvores que prejudicam a fiação elétrica, com autorização da prefeitura.
IMPORTÂNCIA
Arborização urbana é um termo que vem sendo utilizado com muita frequência e que, em um primeiro momento, remete a uma simples interpretação: plantio de árvores no meio urbano. Porém, por trás dessa básica definição, existem benefícios que vão além de uma bela paisagem. No meio urbano, as árvores desempenham um papel importante na melhoria da qualidade de vida da população e do meio ambiente.
Entre os benefícios da arborização na zona urbana, estão: bem-estar psicológico, sombra para os pedestres e veículos, proteção contra o vento, diminuição da poluição sonora, redução do impacto da água de chuva, auxílio na redução da temperatura e preservação da fauna silvestre.
A professora de arborização urbana Ana Paula Roveder, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), explica que a presença de verde é uma questão de saúde pública. Estudos em países do Hemisfério Norte demonstram redução de problemas como depressão e distúrbios do coração em populações que têm áreas verdes disponíveis, melhorando a qualidade de vida, o contato com a natureza e, também, as possibilidades de esportes ao ar livre.
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- Outra vantagem é a questão das mudanças climáticas globais. As áreas urbanas formam ilhas de calor e, quando essas áreas possuem o planejamento de áreas verdes como parques, áreas de preservação permanente dentro da área urbana, florestas urbanas praças, arborização das vias, quando bem-feitas, auxiliam na amenização da amplitude térmica - analisa Ana Paula.
A professora lamenta que a arborização nem sempre é vista como prioridade e com seriedade pela gestão pública.
O engenheiro florestal Márcio Viera diz que a ausência das árvores na área urbana afeta diretamente a questão do microclima (variação do padrão climática dentro de uma região) e prejudica a qualidade de vida. As árvores amenizam a sensação de calor:
- Em ambientes com maior presença de árvores, a temperatura tende a ser mais amena porque há variação da amplitude térmica entre a menor temperatura e a máxima. O mesmo acontece para a umidade. O ar tende a ser mais seco na ausência de árvores, o que vai prejudicar a qualidade de vida da população.
O PLANO
- O Plano Municipal de Arborização e Reposição Vegetal de Santa Maria, de 2011, estabelece regras para o plantio de árvores em ruas e avenidas. Devem ser adotadas, preferencialmente, espécies nativas, de pequeno, médio e grande porte, compatíveis com o espaço urbano. São elas:
- Açoita-cavalo
- Angico-vermelho
- Ipê-amarelo
- Ipê-roxo